Prometi no post anterior (aliás muito louco essa coisa de escrever como se estivesse falando com alguém..."prometi"! Prometi pra quem? Só se foi pra mim mesma...sim, esse post é pra mim mesma!hahahhaha Tá valendo!), contar sobre o parto. A epopéia que foi.
Pois bem, moro nos Estates e aqui essa coisa de cesárea não é a maravilha que é no Brasil. Muito difícil marcar uma e pros médicos, staff e hospital, você é mais uma, ou melhor, mais um, número que passa pelo estabelecimento. Nada de maternidade, é comercial mesmo! E nenhum plano de saúde quer saber de pagar uma cesárea, por isso é tão difícil. Aqui, o governo exige que a taxa de cesareanas não seja maior do que 20% pra cada maternidade.
Só não foi pior porque o meu médico é brasileiro e fez de tudo pra fazer com que o processo corresse da melhor maneira possível pra mim.
Eu estava com 39 semanas, a data prevista de nascimento era 14 de fevereiro. Na semana anterior, dia 3, tinha uma consulta marcada. Cheguei lá, com a minha mãe (que veio do Brasil caridosamente me ajudar) e o meu marido, o Luiz, e fiquei sabendo na recepção que o meu santo médico, o Dr. Breno, tinha viajado às pressas pro Brasil, Goiânia, onde mora a família dele.
A santa mãe (sim, toda mãe tem que ser canonizada) sofreu um acidente e ele teve que voar pra acodiar a véia. (sim, mesmo canonizada ainda podemos sacanear as mães!) A boa notícia (na hora não consegui ver nada de bom nisso) era que ele voltaria na segunda seguinte, ou seja, 4 dias depois, dia 07.
Enfim, chorei, dramatizei, resmunguei (é com GU?? estou ficando anarfabeta) e resolvi literalmente, FECHAR AS PERNAS! Deu certo, o menino só nasceu de fato na segunda!!
Na madruga de domingo pra segunda, às 4 da matina, comecei a sentir uma forte dor nas costas e uma cólica que ia e vinha, doendo moderadamente, nada de muito forte, tenho que admitir, mesmo querendo valorizar pro meu lado. Acordei o marido, futuro pai, que passava mal do exagero da cervejada da noite anterior. Sim, enquanto eu tentava contar os intervalos das contrações, ele vomitava no banheiro, uma maravilha.
Já eram 9h da manhã e eu sofria miseravelmente. A minha consulta era só às 3 da tarde! O Dr. Breno só chegava à tarde, então, resolvi rezar. Quando era uma da tarde, pedi clemência e resolvi ir pro consultório. Só pensava que lá poderiam me dar algum analgésico...drogas, queria todas as que estivessem ao meu alcance. Porque, sinceramente, essa coisa de parto sem dor, é caô! E parto natural, dar a luz sem tomar nenhum remédio, é burrice, e só é lindo mesmo em filme com trilha sonora melosa, casal se abraçando em câmera lenta e bebezinho nascendo já todo limpinho, sorrindo e dormindo em seguida, claro.
Quando chegamos no consultório, as contrações estavam com intervalo de 5 em 5 minutos e nada da tal bolsa estourar. Sim, nada de cena de filme pra mim. Mas a minha atuação era pra Oscar, na certa! Me arrastei pra dentro, e quando vi o Dr. Breno, pensei: "filho, agora vc pode sair. E vai logo, porque tá doendo pra cacete!".
Depois de me examinar, ele concluiu que estava em trabalho de parto, mas não ativo. Hum???? Ou seja, aprendi na hora, me contorcendo, que estava com contrações, mas sem dilatação. Que maravilha!! Ele sugeriu que fosse pra casa...mas o meu desespero e talvez a minha cara (com certeza a minha cara) convenceram a ele de que eu tinha que ir pro hospital.
Mas daí, foi o pobrema (continuo burra - é licença poética da maternidade). O hospital tava lotado!! hahahahha É rir pra não chorar! (belo nome pra bloco de carnaval...broco das mães que não dormem) Ele sugeriu que eu seguisse pro hospital que ele iria em seguida, e pra eu fazer aquela cara de "estou morrendo" pra ser acomodada logo em algum canto da ala "pré-parto" (pros desavisados, ignorantes como eu, é a área reservada pras muié prenha que estão em vias de ter um bacuri ou bacuria) ou teria que esperar na recepção, sentada em alguma cadeira fancy, mas que é sempre desconfortável.
Fazer cara de sofrimento não era pobrema pra mim, é minha especialidade. Venho treinando no quesito desde pequena, quando tentava conseguir que o meu irmão mais velho realizasse todas as minhas vontades...e deu certo!! Deu certo no check-in da maternidade também. Eu disse que era comercial, parece aeroporto e olha que eu cheguei de mala e cuia (tava tudo no carro...usei quase nada do que estava na mala pronta há semanas).
Me colocaram num quarto duplo (depois chegou outra coitada uivando de dor - foi mandada de volta pra casa) e lá fiquei por 4 longas horas esperando a minha vez de entrar no centro cirúrgico. Sim, esperando a vez, que nem fila de I-ENE-PE-ESSE. Fila de pobre!
AH! Resolvi ter cesárea mesmo, porque parto normal só com drogas e eles não me deram nada, nem uma periduralzinha pra aguentar, porque afinal, teoricamente,não estava em trabalho de parto.
Enfim, o meu santo médico deu um jeitinho (sim, aquele brasileiro) e me encaminhou pro centro cirúrgico. Detalhe: o bicho tava pegando porque ele estava cuidando do meu caso e de mais outras duas coitadas. Outra cesárea (que esperava desde o meio-dia - já eram 9h da noite!) e uma em trabalho de parto normal - essa era a paciente de filme mesmo.
Na sala, sendo perparada pro guri sair, eis que entra uma enfermeira pedindo que o dotor fosse correndo pra outra sala que a paciente normal (a de cinema) estava com a criança saindo...que maravilha! Pra ela, e não pra mim. Mas essa era corajosa e merecia...e uma super gentil enfermeira (pra não dizer o contrário) resolveu me amarrar (pernas e braços) na maca, pra evitar que eu caísse. Maravilha!! Ainda não pra mim! Pra ela, que tentava evitar um futuro processo.
Sim, alguns minutos depois, vorta o dotor e começa o parto. Ôpa, e o meu marido, o pai nem tinha entrado na sala ainda...ele aparece, fala rapidinho comigo e já levanta pra segurar o nosso filho, me mostrar rapidinho e se despedir em direção ao berçário. Foi assim, vapt vupt! Bem rapidinho! Nada de "bonding time", botar pra mamar, fotinha bonitinha pra colocar no Facebook, no álbum da vovó, nada! Sou mais uma, pensei. Depois, é um tal de amarra aqui, coloca soro ali, transfere pra maca e eu ainda imaginando como era a cara do meu filho. Tudo bem, pelo menos ele me pareceu bem porque eu ouvi o chorinho dele (ainda era chorinho, no diminutivo) e essa emoção foi grande.
Resumo da ópera: fiquei 12 horas em trabalho de parto e nada aconteceu do jeito que eu queria. Com exceção do personagem principal desse filme que vale um Oscar mesmo. Ele é lindo, mais lindo do que eu sonhava. Só falta dormiiiiiirrrrrrrr.....