IMUNE À FUNCHICÓRIA

Quando estava grávida, fiz cursos de primeiro socorros, como cuidar do seu bebê, dar banho, trocar fralda, amamentação, li diversos livros (alguns ganhei até de presente), que se empilhavam na minha mesinha de cabeceira. Sim, confesso que não li todos, mesmo porque essa fase de "quero saber tudo sobre gravidez e recém-nascido" dura 3 meses (o primeiro trimestre). Depois, ou você quer dormir, ou comer!

Eu esprico: pra mim, a gravidez se divide em 3 fases. A primeira fase (os primeiros 3 meses) é o período da incerteza. Você está grávida, mas ninguém sabe ou tem aquela besteira de que ninguém pode saber. No meu caso, eu contei (tô nem aí). Quem me conhece sabe que ansiedade é o meu apelido!

Segundo o médico, o feto ainda é uma semente sem sexo, sem nome e ainda não confirmado se viável. Pelo que ele me disse, a estatística aqui nos Estates é a de que 30% das mulheres sofrem aborto espontâneo nas primeiras 12 semanas. E é normal (como se servisse de consolo anyway). E ainda tem aquele enjôo interminável. Algumas sortudas dizem que nada sentem...desconfio. No meu caso, foi até mais brando, porque já ouvi amigas contando que vomitavam 24 horas por dia. Eu fiquei extremamente anjoada e pro meu estômago, uma azeitona era o mesmo peso que um boi! O meu santo marido que cozinha maravilhosamente sofreu (ele adora cozinhar pratos novos e sofisticados e a clientela dele sou eu!).

Ah! E ainda nessa fase, você está grávida, mas as pessoas na rua acham que você é gorda, porque a barriga ainda não sinaliza "posso parecer gorda, mas estou grávidaaaaaa. Aí, pode!". É a fase baranga, em que aquela calça jeans que você ama e se sente a gostosa não fecha mais (porque toda mulher tem AQUELA calça jeans favorita...lembra quando adolescente você tinha aquela festinha e a sua mãe resolvia lavá-la bem naquele dia?). E aquela blusinha linda do Espaço Fashion que custou uma fortuna marca a barriguinha e não parece mais tão sexy assim. Uma tragédia...eu resisti por semanas visitar a loja de grávida...

Depois, vem a lua de mel da gravidez, o segundo trimestre. Aiiiiii...é uma delícia. Você recebe sorrisos na rua (me senti a celebridade), já veste com orgulho e vaidade roupa de grávida, e ninguém te acha mais baranga. Esse é mesmo o milagre da vida, porque até fazer um depósito no banco é prazeroso. Fila preferencial até na Imigração no aeroporto. E sim, o feto já tem sexo, nome e data pra nascer. Ai, que saudade...

Na terceira fase, nem tudo são flores. A barriga pesa, fica ainda mais difícil pra controlar o peso, aquelas roupas de grávida não estão mais tão bonitas assim e bate a ansiedade. Ansiedade do parto, de como é a carinha do bebê, se comprou todos os milhares de acessórios que achamos que um bebê precisa e se vai acontecer como você espera e sonha. No meu caso, bateu um desespero de "vou ser mãe de alguém", "será que dou conta?". Muitas sessões de choro consoladas pelo marido...aquele marido, o santo! (pensei agora que Gabriel não dorme porque tirei a sorte grande no quesito marido...sabe aquele cara que narra a pontuação das escolas de samba do Rio na quarta-feira de cinzas? Então, ele virou pra mim e disse: "quesito marido...Acadêmicos da Daniela...deeeeeeezzzzzz.").

Well...essa espricação toda pra dizer que, mesmo achando que sabia todos os truques pra distrair, ninar e colocar pra dormir o seu bebezinho, que aprendemos nos não tão baratos cursos, não dão certo com ELE. Menina, é balancinho, tapetinho colorido, swadle, musiquinha de bebê (que fiquei tocando pra barriga uns seis meses), NADA funciona! E sim, o tal pozinho mágico (que nada mais é do que açúcar), que ouvi diversas mães e amigas aconselhando a usar (tem até histórias mágicas de que é um milagre), a funchicória funciona! Meu filho é imune à funchicória!